Originário das Coroações de Reis do Congo organizadas pelas irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Homens de Pretos, o Maracatu é uma expressão da cultura tradicional popular do Nordeste brasileiro de inestimável relevância sócio-histórica, artística e simbólica, destacando-se como atração nos desfiles carnavalescos. 

O Maracatu chegou ao Ceará vindo de Pernambuco, pelas mãos de Raimundo Alves Feitosa, em 1936. Raimundo foi o fundador do primeiro Maracatu do estado, o Az de Ouro. Outros grupos surgiram ao longo dos anos, como Rei de Paus (1954), Vozes da África (1980) e Nação Baobab (1994). Atravessaram décadas de atuação na festa carnavalesca junto a maracatus que também estão consagrando suas trajetórias, como Nação Axé de Oxóssi, Rei do Congo, Nação Iracema, Nação Pici, Nação Fortaleza, Rei Zumbi, Rei do Congo, Solar e Filhos de Iemanjá nascidos a partir dos anos 2000. 

Vale ressaltar as políticas públicas de valorização e salvaguarda da manifestação reconhecida pela da Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza ao conceder ao Maracatu o registro de Patrimônio Cultural Imaterial da Cidade. Alguns representantes e grupos também receberam o título de Mestres ou Mestras da Cultura ou foram diplomados como “Tesouros Vivos da Cultura” pela Secretaria Estadual da Cultura do Ceará, a exemplo do Mestre Juca do Balaio e Mestre Almeida Rainha e os Maracatus Az de Ouro e Rei de Paus, considerados Patrimônios Vivos do Ceará. A Lei Ordinária nº 10.771, de 05 de julho de 2018, instituiu o “Projeto Dia 25 é Dia de Maracatu” e o incluiu no Calendário Oficial de Eventos do Município de Fortaleza, data para celebrar, valorizar e divulgar esta manifestação cultural.

A cultura do Maracatu vem reunindo a cada ano muitos interessados. Porém, apesar de sua relevância sócio-histórica, poucas pessoas conhecem o valor patrimonial e a importância dessas práticas, saberes e memórias. 

O projeto “Maracatu – Rito e Ritual” tem como objetivo viabilizar pesquisa em acervos que guardam décadas de registros sobre grupos de Maracatu em Fortaleza, além de propor a execução de novas imagens. Por mais de dois anos, 23 fotógrafos e fotógrafas cearenses dialogaram sobre suas ideias e construção de seus trabalhos sob a orientação de Diógenes Moura, um dos mais conceituados curadores do país na área da Fotografia.

Os resultados das imagens registradas ao longo dos anos 2019 e 2020 representam um rico acervo, numa seleção de mais de 240 fotografias disponíveis para pesquisa neste site. O trabalho de confecção das fantasias nos barracões, a transformação de pessoas comuns em majestades e a apoteose na Avenida, estão presentes também no ensaio coletivo “O Banquete do Sagrado”, com curadoria de Diógenes Moura.

O esplendor e a magia que envolvem esses cortejos são temas que mobilizaram a produção do projeto “Maracatu – Rito e Ritual”.  Perpetuar essas manifestações e permitir que a população tenha a oportunidade de compreender melhor os bens que compõem nosso  patrimônio cultural são desafios aos quais esta iniciativa se propõe.